quarta-feira, 25 de agosto de 2010

TIAS & TIOS ÀS ROLAS E AOS PATOS

os matadores de passarinhos queixam-se da falta destes. o gajo que faz de ministro da tutela, promete facilitar a aquisição de armas de caça.
os trolhas presumem que seja para resolução definitiva do problema.


N.A.

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POVOAMENTO

No teu amor por mim há uma rua que começa
Nem árvores nem casas existiam
antes que tu tivesses palavras
e todo eu fosse um coração para elas
Invento-te e o céu azula-se sobre esta
triste condição de ter de receber
dos choupos onde cantam
os impossíveis pássaros
a nova primavera
Tocam sinos e levantam voo
todos os cuidados
Ó meu amor nem minha mãe
tinha assim um regaço
como este dia tem
E eu chego e sento-me ao lado
da primavera

Ruy Belo
Aquele Grande Rio Eufrates

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quarta-feira, 11 de agosto de 2010

INCENDIÁRIOS

A informação televisiva é há muito de uma indigência total. Mas no mês de Agosto abusa. Fazer a análise de um telejornal pelo alinhamento, pelas palavras e pelas imagens dadas a ver é um exercício de grande masoquismo, mas que no final revela bem o estado decadente e inútil a que chegou a televisão. Um meio que só sobrevive porque o maralhal mantém aquilo ligado por rotina e também porque apenas 10 por cento do que é emitido merece a atenção de quem entretanto berra com os filhos, desanca na mulher, bate no cão e tenta estrangular a sogra. Se a internet fosse acessível e já tivesse entrado na rotina, a televisão ficava reduzida ao seu papel de embrulho.

Incêndios em directo com estagiárias armadas em parvas repórteres de guerra, velhinhos às portas da morte a falarem dos malefícios do calor, o ministro da administração interna a contar a área ardida e a dizer que este ano ardeu menos um campo de futebol do que há 5 anos, histórias de desgraças, e mais uns planos gerais de praias cheias...é difícil maior banalidade. O Mundo para as televisões resume-se a faits-divers, banalidades, lugares comuns, estupidez natural.

Ontem havia uma reportagem no Algarve, onde o que se dava a ver eram planos de casas e janelas, chegando a ter sido editada uma imagem de uma persiana, isto para ilustrar o facto de 4 doentes terem sido molestados numa operação às cataratas...no Algarve. Um case-study de como não se deve fazer televisão. E no entanto estas bostas vão para o ar!

Mas o que é preocupante, é a leviandade e a demagogia que os editores (?) utilizam para manterem viva a chama do populismo. Passam em rodapé que este ano há 30 reformados com pensões um pouco acima dos 5 mil euros. "Pensões milionárias", dizem os senhores editores. Se para um jornalista 5 mil euros é um rendimento milionário muito mal pago anda o jornalismo.

Claro que não explicam se são reformas resultantes de uma vida de descontos se de reformas oportunistas baseadas em poucos anos de descontos. Mas esse "pormenor" não interessa nada.

O que interessa é encher chouriços e atirar achas para a fogueira.

Já tínhamos um país de incendiários passámos a ter uma informação televisiva incendiária.


L.Carvalho

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FOGO

Faísca luminar da etérea chama
Que acendes nossa máquina vivente,
Que fazes nossa vista refulgente
Com eléctrico gás, com subtil flama:

A nossa construção por ti se inflama;
Por ti, o nosso sangue gira quente;
Por ti, as fibras tem vigor potente,
Teu vivo ardor por elas se derrama.

Tu, Fogo animador, nos vigorizas,
E à maneira de um voltejante rio,
Por todo o nosso corpo te deslizas.

O homem, só por ti tem força e brio
Mas, se tu o teu giro finalizas,
Quando a chama se apaga, ele cai frio.

Francisco Joaquim Bingre
Sonetos

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quarta-feira, 4 de agosto de 2010


Neste Alentejo rural,
sitiado em cidades,
já não se ouve o zurrar do burro,
nem o chiar ronceiro da carroça.

Chega-nos de longe
o zurrar da ministra.
Pêlo escovado,
dentadura perfeita,
só lhe faltam as orelhas,
e o rabo a dar a dar.

Ouvimos a política asinina.
Sem sustentação neste tempo e lugar.
A oferta envenenada e populista,
os pressupostos inexistentes,
as promessas para não cumprir.

Ataque, prepotente e cobarde,
ou manobra de diversão?

Oportunidade de ladrão,
que, em tempo de férias,
nos entra pela casa dentro.
E lança a provocação
sem receio do contraditório.

Estratégia de carteirista,
que parece oferecer com uma mão,
para poder roubar com a outra.
Oferece acabar com os exames
(os alunos já nem precisam estudar...)
para poder acabar com a escola pública.
Quem quiser educação, a sério,
que pague ao privado...

E o futuro, já negro,
dos nossos filhos, de Portugal,
faz-se cada vez mais negro.


M.

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UMA FRONTEIRA AOACASO

Lembras-te de Netafim, caro amigo? Contámos a história
de Deus ao longo da estrada que cruzava o Sinai, rente ao
deserto, à poeira, à luz da noite, ao medo do fim do dia -
o nosso êxodo é de palavras sinceras, de rituais repetidos

sem medo ou vergonha. A história do rabino era fantástica,
atravessando numa bicicleta voadora o céu de Eilat e as margens
do mar Vermelho. A noite colheu-nos ao volante do carro,
como um resumo da história de Deus. É esta a nossa sinagoga:

o deserto, os declives das montanhas, as aldeias escondidas,
o vento que arrasta poeiras e esconde as fronteiras das cidades,
nela entramos por acaso, conforme a voz nos chama para

uma prece ou para uma refeição. Olhemos a fronteira de Netafim,
os nomes comovem-nos. Falar com Deus é estar ligado ao deserto,
preparar a morte, escolher os frutos, adormecer em Jerusalém.


Francisco José Viegas
O Puro e o Impuro

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